Guy Maupassant
A todo momento, o temor de uma Terceira Guerra Mundial surge na mídia e se prolonga por alguns dias ou até semanas, e isso tem se repetido há muito tempo. No entanto, o que não é suficiente para produzir uma mudança efetiva em nós diante das tragédias que presenciamos.
Isso significa que os fatores causadores da Guerra têm se perpetuado no ser humano desde sua origem e, repetidamente, manifestado em nosso cotidiano. Há os poderosos e os subjugados; os ricos e os pobres; a ganância e a busca pelo poder em todos os níveis; as classes e os preconceitos, e isso não cessa nem mesmo com os conflitos atuais existentes.
Por que o ser humano não muda? Ou melhor, nem mesmo sendo conhecedor de sua própria finitude, continuamos alimentando essa devoção a nações, posições de mando, ideologias ou acúmulo de posses diversas?
O fato é que transformamos nosso próprio cotidiano em uma verdadeira guerra interna, o que irá, com certeza, transbordar para o mundo externo. O que somos, a sociedade será, e, depois, a própria sociedade torna-se quase uma entidade separada do indivíduo, mas sabemos que não o é verdadeiramente.
Essa competição que impelimos às crianças e jovens desde a idade escolar virá à tona mais tarde em forma de conflitos. Estamos na era tecnológica e entrando na era da inteligência artificial, mas não conseguimos trabalhar juntos em uma equipe de 3 pessoas, por exemplo. Por quê? Uma das razões é justamente esse desejo de identificação: somos dessa nação ou dessa ideologia, temos essa determinada crença ou aquela outra; mas nunca questionamos a razão de apelar para objetos ou ideias, ou mesmo seguir ou repetir frases alheias.
Os conflitos estão presentes em todas as relações sociais. Nos pequenos golpes, cobrança abusiva; nas vantagens, seja no suborno ou aproveitando-se de conexões pessoais para obter privilégios; na força ou na pequena corrupção aceita como manifestação cultural.
"Não sabemos quantas guerras existirão, mas temos conhecimento da nossa própria ambição e de nossa ganância. Do conflito que existe entre o que somos e o que gostaríamos de ser no futuro que nunca virá."
Estamos perfeitamente conscientes da brutalidade deste mundo criado por nós. Dos políticos e grupos que somente querem comandar nossos pensamentos.
Somos refinados intelectualmente e temos explicações para tudo, mas por dentro sentimos o medo do fracasso , de não ser reconhecido ou, pior, aconselhamos nossos próximos a se moldarem a essa mesma sociedade em guerra contínua.
A Guerra não é algo externo, mas sim resultado das relações entre indivíduos. O mundo é humano, apesar de qualquer crença, ideologia ou teoria. A origem da Guerra envolve domínio territorial, mas não é culpa do território e sim da vontade de se sentir seguro, sem conflitos.
Queremos estar seguros agora e no futuro e esse desejo produzirá, inevitavelmente, mais guerras. Nenhuma lei encerrará o desejo de poder do ser humano nem fará seus dogmas desaparecerem.
Não chegaremos a um estado de paz apenas com discursos, com leis, ou com algo externo que nos faça sentir pertencentes a determinado grupo. O ser humano não pode ser fragmentado, pois o mesmo chinês, europeu ou africano sentem as mesmas dores, medos ou ambição que qualquer um. O que nos resta é observar a nós mesmos diariamente, como nascem os conflitos e como os alimentamos, para que não perpetuemos novas guerras para as gerações futuras.
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